INTRODUÇÃO: A Ergonomia (ou Fatores Humanos) é uma das disciplinas lecionadas nos cursos de engenharia, fornecendo uma base de formação necessária aos egressos de forma que estes possam contribuir, durante a sua atuação profissional, para aumentar o bem-estar humano e o desempenho geral do sistema de trabalho; diminuindo também o número de doenças e acidentes ocupacionais. A importância desta formação é reforçada pelo código de ética destes profissionais e pelas competências esperadas dos egressos, conforme constam nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) das engenharias. Entretanto, nem sempre essa disciplina consta nas grades curriculares destes cursos no Brasil. – OBJETIVOS: O objetivo deste projeto é levantar a forma como as universidades com padrão de qualidade internacional no ensino de engenharias trabalham com as competências relacionadas à Ergonomia em suas disciplinas, a fim de entender este cenário internacional e contribuir para propor melhorias na forma como este conteúdo é lecionado nas engenharias no Brasil. – MATERIAIS E MÉTODO: Como procedimento metodológico foram definidas oito fases: I) Revisão da Literatura; II) Delimitação dos principais rankings; III) Análise dos rankings; IV) Criação de dashboards e indicadores; V) Levantamento de dados das melhores universidades de cada ranking; VI) Desenvolvimento de Matriz de decisão; VII) Comparação das competências esperadas pelas DCN em relação às ementas; e VIII) Discussão dos resultados. – RESULTADOS: Foram identificadas 10 universidades consideradas como referência de qualidade internacional nas engenharias. Com a análise dos cursos de engenharias destas universidades, notou-se que a Engenharia Industrial é o curso que mais possui ênfase de Ergonomia e disciplinas correlatas (14%). Identificou-se, além disso, que na graduação, apenas 2,54% da carga horária de créditos totais se referem à Ergonomia ou disciplinas correlatas, recebendo destaque os cursos da Austrália, que possuem o maior percentual entre os países analisados. Já nos cursos de mestrado, as matérias de Ergonomia representam um percentual de 11,63% em relação ao total de créditos exigidos, sendo que o país que oferece a maior quantidade de disciplinas é os Estados Unidos. No doutorado, o percentual da carga horária identificado foi de 16,84%, sendo novamente os Estados Unidos o país que mais exige créditos. O estudo também realizou uma contagem das palavras chaves presentes nas ementas destes cursos e uma contagem das palavras constantes nas DCNs, as quais foram apresentadas no formato de gráficos. Desta forma, foi possível identificar que três palavras constam como as mais citadas em ambas: sistema, trabalho e organização. Com estes resultados, pode-se inferir que as disciplinas de Ergonomia possuem grande potencial de contribuir para o atendimento do que é almejado para a formação dos egressos, conforme consta nas DCNs; corroborando com a importância da Ergonomia na formação dos futuros engenheiros. – CONSIDERAÇÕES FINAIS: O resultado encontrado na graduação nas universidades de referência internacional é 93,71% maior que os resultados identificados nas engenharias no Brasil, ficando evidente a necessidade de se investir em meios que contribuam para melhorar esta formação, propiciando, assim, uma melhoria na saúde e segurança dos trabalhadores e o desempenho no sistema de trabalho como um todo.