INTRODUÇÃO: O vírus SARS-CoV-2, responsável pela pandemia decretada desde março de 2020, possui alta taxa de infecção, dado que se alastrou rapidamente por diversos continentes. A literatura relata que o COVID-19 pode apresentar-se com diversos sintomas ou assintomático. Afirma, ainda, que a presença de comorbidades preexistentes, principalmente a diabetes mellitus, possui relação com maior tempo de hospitalização e aumento da chance de resultados negativos, como óbito. Portanto, há a necessidade de domínio mais aprofundado acerca dos mecanismos de agravamento em pacientes diabéticos, o que pode auxiliar no enfrentamento desta patologia. – OBJETIVOS: Contribuir para o melhor entendimento da doença, por meio da análise da variabilidade glicêmica – através do CV e do SD –, em pacientes portadores de COVID-19 e internados em UTI com os desfechos clínicos alta por melhora ou óbito. – MATERIAIS E MÉTODO: Neste estudo de coorte foram colhidos dados de 628 pacientes com mais de 18 anos internados no Hospital Marcelino Champagnat, entre 13 de março de 2020 e 31 de julho de 2021, que possuíam diagnóstico para o COVID-19 confirmado laboratorialmente pelo RT-PCR. Avaliou-se, por meio da análise de prontuário, as relações de fatores de risco basais e terapêutica intra-hospitalar no histórico clínico do paciente, bem como sua evolução e desfecho. Os modelos de Regressão Linear foram ajustados para a análise da associação entre óbito e necessidade de UTI, CV e SD. Valores de p<0,05 indicaram significância estatística. – RESULTADOS: A média de idade foi 59,62 anos (dp ± 18,55) e a maioria era do sexo masculino (65,8%). As doenças pré-existentes mais frequentes foram HAS (52,2%), DM (32,8%), obesidade (32,0%) e dislipidemia (27,7%). A glicemia média foi 48,16mg/dL (dp ± 15,9) e 60% da amostra teve necessidade de ir para UTI. O óbito foi significativamente maior naqueles com necessidade de UTI em comparação com os que internaram exclusivamente na enfermaria (33,2% vs 2,8%, p<0,001). O SD também foi analisado em relação a óbito e internamento em UTI e revelou valores mais altos nos indivíduos que foram a óbito após cuidados intensivos vs os que não precisaram, 53,5% vs 67,5% (p<0,001). Valores maiores de CV foram encontrados nos pacientes que foram a óbito com demanda de UTI em relação aos que internaram exclusivamente na enfermaria (184,6 vs 125,4, respectivamente, p=0,003). Na regressão logística do CV em relação a necessidade de UTI desde o início da admissão hospitalar e óbito, o CV foi tão significativo quanto a idade na influência do desfecho (OR 1,98 e p<0,001). – CONSIDERAÇÕES FINAIS: Entre os pacientes hospitalizados com COVID-19 variações na glicemia ocorreram com frequência e a inter-relação entre diabetes e COVID-19 é complicada e bidirecional, em função da COVID-19 causar hiperglicemia, e a hiperglicemia piorar o curso e desfecho da COVID-19. A maior VG, avaliada por CV e SD, esteve associada à maior mortalidade em pacientes internados em UTI, diabéticos e não diabéticos, mesmo no modelo ajustado para idade. Portanto, este estudo evidencia a importância da detecção precoce e tratamento da hiperglicemia para melhorar os resultados da infecção pelo coronavírus.