INTRODUÇÃO: As doenças inflamatórias intestinais (DII) caracterizam-se por inflamação intestinal crônica e, neste estudo, abordamos Doença de Crohn (DC) e Retocolite Ulcerativa (RCU), as quais são discriminadas pelos padrões de lesões, visto que DC pode acometer todo o aparelho digestivo de forma descontínua enquanto a RCU acomete apenas o intestino grosso e de forma contínua. A primeira opção terapêutica para essas doenças consiste no uso de medicamentos como corticoides, aminossalicilatos e imunobiológicos. Na presença de falha terapêutica, a abordagem cirúrgica está indicada. Dessa forma, ao passo que a incidência das DII aumenta gradativamente no Brasil e no mundo, não existem muitas evidências comparativas que abordam sobre tais doenças ao discriminar população adulta e pediátrica. – OBJETIVOS: O presente estudo tem como propósito avaliar a prevalência de cirurgias entre populações adulta e pediátrica para o tratamento de DII em serviços de referência de Curitiba. – MATERIAIS E MÉTODO: estudo transversal observacional retrospectivo, que analisou os dados de todos os pacientes (população pediátrica e adulta) consecutivamente atendidos ou internados nos serviços de coloproctologia do Hospital Universitário Cajuru (HUC) e de gastroenterologia pediátrica do Hospital Pequeno Príncipe (HPP). A prevalência de cirurgias foi comparada entre a população adulta e pediátrica. – RESULTADOS: da amostra total de 829 pacientes, observou-se a prevalência de 49,7% de cirurgias abdominais em 509 portadores de DC, sendo uma prevalência de 51,07% em adultos e 43,33% na população pediátrica (p=0,183). Já ao analisar a prevalência de cirurgias em portadores de RCU (n=320) notou-se que 14,06% já foram submetidos a intervenções cirúrgicas, sendo 14,98% da população adulta e 10,96% da população pediátrica (p=0,4480. – CONSIDERAÇÕES FINAIS: Não houve diferença entre a prevalência de cirurgias na DC e na RCU entre pacientes adultos e pediátricos. No panorama deste estudo, verificou-se que a prevalência de cirurgias foi apenas numericamente maior na amostra de adultos, o que corrobora os referidos estudos prévios. Significância estatística não foi encontrada, talvez pelo reduzido tamanho da amostra de pacientes pediátricos. Desse modo, pode-se sugerir que o predomínio de cirurgias na população adulta justifica-se pelo maior tempo decorrido da doença quando comparado a população pediátrica. Em contrapartida, ao avaliar a amostra de pacientes portadores de DC, verificou-se que a prevalência de cirurgia perianal foi semelhante entre adultos e a população de menor faixa etária, apesar da DC perianal ser mais prevalente nas crianças. Nessa circunstância, faltam dados para responder o questionamento se a DC em crianças, apesar de mais curta, pode ser mais agressiva do que em adultos e, por isso, causa mais doença perianal nessa população.
