INTRODUÇÃO: Na passagem do século XIX para o XX a preocupação com o “melhoramento” racial do povo brasileiro era pauta frequente nos círculos intelectuais. Entre as principais causas do “atraso” social que muitos identificavam que havia no Brasil, estavam a miscigenação e o clima. Todavia, a partir da década de 1930, sobretudo a partir dos avanços na área nutrição, essa perspectiva cientificista racial foi cedendo espaço para uma concepção higiênico-alimentar baseada em estudos biológicos e socioculturais. Destacam-se nesse período o polímata Gilberto Freyre, e dois médicos e nutricionistas, Josué de Castro e Nelson Chaves. – OBJETIVOS: O presente relatório visa analisar as correlações entre as mudanças que se faziam no Brasil e a agenda alimentar em decretos e atos do município de Curitiba , relacionadas ao tema alimentação. – MATERIAIS E MÉTODO: Como critérios metodológicos de análise foram estabelecidos recortes transversais que correspondem a contextos relacionados às políticas sociais para alimentação e nutrição no Brasil, e de forma mais específica em Curitiba. Ao longo desse eixo longitudinal, como critérios metodológicos de análise foi estabelecidos, de forma intencional, o recorte correspondente ao contexto específico da trajetória da política social de alimentação e nutrição no Brasil e que vamos investigar como isso se refletiu na agenda da Câmara Municipal de Curitiba de 1930-1945 que se relaciona ao período iniciado com a Revolução de 1930 e à inauguração de novos encaminhamentos nacionais delineados sob a influência de Josué de Castro e seus pares. – RESULTADOS: O recorte temporal escolhido situa-se na chamada Era-Vargas (1930-1945), período este que coincide com os principais avanços da área da nutrição e da alimentação no Brasil, bem como coincide com a publicação das primeiras pesquisas, livros e artigos de vulto nas respectivas áreas. O tema alimentação surge nas pautas do legislativo municipal sob diversas formas, em alguns anos ele apresenta-se de forma explicita, em outros de forma menos e em alguns limitando-se a trâmites administrativos corriqueiros. Todavia, quatro, do total de dezesseis anos pesquisados, pareceram bem mais promissores que os demais, a saber: 1931, 1936, 1939 e 1945. Se fosse julgado necessário traçar um mapa ou mesmo um gráfico de como a alimentação aparece nos documentos oficiais da Prefeitura Municipal de Curitiba, este estaria traçado da seguinte forma: 1930-1936, período de ascensão relacionado aos avanços das questões alimentares intervalado por um período de relativa “estabilização” (1937-1938) e 1939-1945, período de recuo dos avanços da pauta alimentar, marcado por tentativas de amenização do dos efeitos do desabastecimento. – CONSIDERAÇÕES FINAIS: As questões alimentares que se encontram nos atos e decretos do município de Curitiba, que são contemporâneas, aos acima referidos, avanços na área da nutrição, genética e alimentação, caminham nesta mesma direção, visto que é presente nas suas resoluções um discurso de cunho higienista, que visava promover a saúde e o bem-estar da população, aliando-se aos modernos mecanismos de processamentos e conservação de alimentos, e, de igual forma, adaptando, regulamentando e padronizando procedimentos higiênicos, tendo em vista a melhoria da saúde pública em geral.
