INTRODUÇÃO: A pandemia da doença coronavírus 2019 (COVID-19) exigiu adoção de medidas emergenciais para conter a transmissão viral, implicando na suspensão e adiamento de procedimentos de fertilização in vitro (FIV). – OBJETIVOS: Compreender os impactos da pandemia COVID-19 nas taxas de gravidez clínica em procedimentos de FIV e analisar fatores que possam ter influenciado seu resultado. – MATERIAIS E MÉTODO: Foi realizado estudo observacional retrospectivo em centro brasileiro terciário de reprodução assistida. Todos os ciclos de FIV com embriões frescos e descongelados realizados entre 11 de março e 31 de dezembro, 2018-2021 foram analisados, e seus dados utilizados para cálculo das taxas de fertilização, clivagem embrionária, cancelamento de ciclos, transferência de embriões (TE) e gravidez clínica. Testes estatísticos avaliaram significância das alterações encontradas e modelos de regressão logística exploraram associação das variáveis categóricas estudadas com as taxas de gravidez clínica observadas. Os dados de 2018 e 2019 (pré-pandemia) e 2020 e 2021 (pandemia) foram agrupados. – RESULTADOS: Foram analisados um total de 756 ciclos (n=360 na pré-pandemia e n=396 na pandemia). A faixa etária das pacientes e as taxas de fertilização e de clivagem não tiveram alterações significativas entre os períodos analisados (p>0,05). Na pandemia, houve redução da porcentagem de ciclos de FIV com embriões frescos e aumento dos com descongelamento (p=0,005). Também foi notado aumento das taxas de cancelamentos de ciclos com embriões frescos (p<0,001) e redução do número de TE (p<0,001). A pandemia exerceu impacto negativo na taxa de gravidez clínica (p<0,001) especialmente devido ao aumento de cancelamentos dos ciclos à fresco (p<0,001). – CONSIDERAÇÕES FINAIS: Frente às limitações pandêmicas impostas aos ciclos a fresco, os ciclos de descongelamento de embriões se apresentaram como alternativa viável à continuidade dos ciclos de FIV, garantindo gravidez clínica ainda que em taxas inferiores ao período pré-pandêmico.