INTRODUÇÃO: A migrânea é uma doença altamente prevalente, uma das principais causas de incapacidade no mundo que atinge cerca de 1 bilhão de pessoas, em todo o mundo, representa cerca de 9% das consultas da atenção primária e acomete especialmente mulheres, sendo relevante causa de incapacidade laboral, acadêmica, doméstica e social, e de redução da capacidade. O diagnóstico da doença é clínico sendo fundamental considerar o quadro completo até o tratamento do doente, que não raro apresenta depressão, ansiedade e distúrbios sensoriais como alodinia e hiperacusia. – OBJETIVOS: O enfoque do trabalho foi avaliar aspectos clínicos da migrânea através de questionários validados relacionados a doença, envolvendo a incapacidade, impacto, alodinia, hiperacusia, ansiedade e depressão, bem como codificar dados para base do projeto geral que avalia os aspectos genéticos de citocinas inflamatórias. – MATERIAIS E MÉTODO: Estudo prospectivo observacional, caso-controle composto por pacientes entre 18 e 60 anos de ambos os sexos com diagnóstico de migrânea. Foi realizada entrevista estruturada de para coleta de dados demográficos e clínicos seguida de aplicação de 7 escalas autoaplicadas: Migraine Disability Assessment (MIDAS) que avalia incapacidade relacionada a migrânea, Headache Impact Test (HIT-6) que avalia o impacto da migrânea, Allodynia Symptom Checklist (ASC-12) que quantifica os sintomas de hipersensibilidade sensorial, Inventário de depressão de beck que avalia sintomas depressivos, questionário de hiperacusia e State Trait Anxiety Inventory (STAI 1 e 2) que avalia ansiedade. – RESULTADOS: O estudo possui 463 indivíduos com migrânea, sendo que 85,7% são do sexo feminino e 78,8% caucasianos. Dentre os pacientes com migrânea crônica são mais frequentes o sexo feminino, maior idade, maior IMC, maior circunferência abdominal, mais tempo de doença e um início mais tardio da doença (p ≤ 0,05). Dentro da avaliação por questionário, os pacientes com migrânea crônica apresentaram os maiores scores em relação aos pacientes com cefaleia episódica: MIDAS (29 vs. 13, p<0,001), HIT-6 (67 vs. 63, p<0,001), Inventário de Beck (12 vs 9 p=0,003), ASC-12 (6 vs 4, p=0,005), questionário de hiperacusia (22 vs. 16, p= 0,001), STAI 1 (47 vs 43, p<0,001) e STAI2 (46 vs. 43, p=0,003). Não houve diferença estatisticamente significativa para etnia, presença de aura, tempo de cefaleia dentre os pacientes com cefaleia crônica e episódica. – CONSIDERAÇÕES FINAIS: A migrânea é uma doença com repercussões importantes na vida dos indivíduos afetados, sendo uma causa bastante relevante de incapacidade e com alto impacto na vida do doente, em especial se tratando dos pacientes com a forma crônica da doença. Esses pacientes com cefaleia crônica também apresentam os maiores scores de MIDAS, STAI Y1 e Y2, Inventário de Beck HIT-6, ASC-12 e Escala de Hiperacusia, bem como outros indicadores que levam a uma clínica mais complexa.