INTRODUÇÃO: Carrapatos duros são ectoparasitas hematófagos obrigatórios, pertencentes à subclasse Acari, ordem Ixodida e família Ixodidae, que parasitam diversos hospedeiros vertebrados. São responsáveis por transmitir uma série de doenças a humanos, mas também a animais de companhia e de produção. Dentre as doenças endêmicas mais relevantes transmitidas por estes parasitos no território nacional está a febre maculosa, causada por bactérias do gênero Rickettsia. A mata Atlântica é uma das florestas mais ricas em biodiversidade no planeta, e aproximadamente, mil espécies de aves habitam-na, território onde também circulam diversas doenças transmitidas por vetores. Das mais de 70 espécies de carrapatos presentes em território nacional, ao menos 23 são parasitas de aves, principalmente em seus estágios imaturos. As aves, em especial, têm grande potencial de dispersão dos carrapatos, uma vez que podem se deslocar por longas distâncias. A literatura já relata casos de carrapatos coletados em aves no Brasil que eram portadores de bactérias do gênero Rickettsia, porém o conhecimento sobre o assunto ainda é escasso. – OBJETIVOS: Este trabalho teve como objetivo identificar as espécies de carrapatos coletados em aves no Parque Estadual do Palmito, localizado no munícipio de Paranaguá, correlacionando quais espécies de aves são parasitadas por quais espécies de carrapatos, fazendo paralelos com a ecologia de cada espécie, tanto dos hospedeiros, como dos parasitos. – MATERIAIS E MÉTODO: Os espécimes de carrapatos contemplados neste trabalho foram coletados em aves capturadas pela técnica de mist-nets (redes de neblina) no período de 2006 a 2018. Os parasitos coletados foram acondicionados em frascos Eppendorf de 1.5 mL contendo álcool 70% e posteriormente foram observados sob estereomicroscópio onde realizou-se uma primeira classificação de acordo com os estágios de vida e posteriormente, a identificação a nível de gênero e espécie. Devido à ausência de chaves taxonômicas para a identificação das larvas ao nível de espécie, as mesmas foram classificadas como Amblyomma sp., enquanto as ninfas foram identificadas ao nível de espécie utilizando-se a chave taxonômica proposta por Martins, et al. (2010). – RESULTADOS: Foram coletados um total de 376 espécimes, encontrados em aves de 34 gêneros diferentes. Dentre os carrapatos, 336 (89,9%) foram classificados como pertencentes ao estágio de larva e 38 (10,1%) pertencentes ao estágio de ninfas. Todos os espécimes foram classificados como pertencentes ao gênero Amblyomma. Das 38 ninfas, 28 (73,7%) foram classificadas como pertencentes a espécie Amblyomma longirostre e 10 (26,3%) pertencentes a espécie Amblyomma calcaratum. – CONSIDERAÇÕES FINAIS: Um total de 376 carrapatos foram coletados de 32 espécies distintas de aves de Mata Atlântica do estado do Paraná. Dentre os carrapatos, 336 foram classificados como larvas de Amblyomma sp., 28 como ninfas de A. longirostre e 10 como ninfas de A. calcaratum. Para o nosso conhecimento, trazemos os primeiros registros de parasitismo por ninfas de A. longirostre em Coereba flaveola, Myrmotherula unicolor, Ramphodon naevius e Xenops minutus; ninfas de A. calcaratum em Coereba flaveola e Myiothlypis rivularis; e larvas de Amblyomma sp. em Lanio cristatus, Myiothlypis rivularis, Myrmotherula unicolor e Picumnus temminckii. As espécies de aves com maior abundância de carrapatos foram Xiphorhynchus fuscus, Chiroxiphia caudata e Selenidera maculirostris.