INTRODUÇÃO: A migrânea caracteriza-se por episódios de dor pulsátil, unilateral e duração média de 4 a 72 horas com intensidade moderada a forte, sendo muito incapacitante. É classificada em episódica ou crônica, com ou sem aura, podendo estar associada a náuseas, vômitos, fonofobia e fotofobia. A fisiopatologia tem junção com ativação das fibras trigeminais, inflamação neurogênica e comporta secreção de citocinas como IL-10. – OBJETIVOS: Avaliar a influência da variante -1082 G>A (rs 1800896) e –819/-592 (rs 1800872) do gene IL10 e seu efeito sobre a suscetibilidade e características clínicas da migrânea. – MATERIAIS E MÉTODO: Estudo prospectivo observacional do tipo caso-controle composto por participantes com migrânea (n=92) e controles saudáveis (n=86) pareados para sexo, idade, etnia e IMC. Foi realizada entrevista estruturada, assim como foram adotados questionários autoaplicáveis para avaliação da migrânea e suas características clínicas. As genotipagens foram feitas por PCR-SSP. Foi considerada diferença estatística quando p≤0,05. – RESULTADOS: O genótipo CT da variante –819/-592 do gene IL10 foi associado a uma suscetibilidade migranosa (p=0,001) bem como o modelo dominante, no qual, 36,4% dos portadores do genótipo CC tem migrânea (p=0,008). Não houve diferença na suscetibilidade a migrânea relacionada à variante -1082 do gene IL10. Ambas as variantes (-819/-592 e -1082) demonstraram associação significativa no questionário de hiperacusia (p=0,030; p=0,041; respectivamente). – CONSIDERAÇÕES FINAIS: Sugere-se que a variante –819/-592 da IL-10, uma citocina anti-inflamatória, pode exercer efeito sobre a fisiopatologia da migrânea, pois o genótipo CC da variante -819/-592 do gene IL10 reflete em menor quantidade de proteína anti-inflamatória IL-10. Mais estudos são necessários para confirmar esses resultados.