INTRODUÇÃO: a epilepsia é uma doença neurológica crônica que consiste em crises convulsivas. O tratamento pode ser clínico por meio de drogas anti-epiléticas, ou cirúrgico, cujo principal procedimento é a Lobectomia Temporal. A doença acarreta importante impacto na qualidade de vida do paciente (QLV). A literatura sugere que pacientes tratados cirurgicamente têm menor frequência de crises, e estão associados a melhor QLV. – OBJETIVOS: comparar a QLV de pacientes com epilepsia tratados clinicamente e cirurgicamente no Hospital Universitário Cajuru. – MATERIAIS E MÉTODO: Estudo de coorte retrospectivo com aprovação do CEP sob CAAE 44763021.4.0000.0020. Foi feita a revisão de prontuários e aplicação do questionário QOLIE-31 aos pacientes com epilepsia tratados no Hospital Universitário Cajuru, de junho de 2021 a junho de 2022. A revisão de prontuários avaliou comorbidades, medicações de uso e perfil do paciente em relação à epilepsia. O questionário QOLIE-31 possui validação internacional para avaliação da QLV na epilepsia, com 31 questões divididas em 7 quesitos de qualidade de vida. Os quesitos são: Tranquilidade em relação a Crises, Qualidade de Vida em Geral, Bem-estar Emocional, Energia, Concentração e Memória, Adaptação à medicação e Atividades Sociais. A partir dessas 7 áreas, a QOLIE-31 apresenta uma fórmula de cálculo de QLV, obtendo-se um valor em escala de 0-100 da Qualidade de Vida Final do paciente. – RESULTADOS: foram entrevistados 42 pacientes (n=42), sendo 24 clínicos (57%) e 18 cirúrgicos (43%). Dos pacientes cirúrgicos, 14 (77,7%) realizaram Lobectomia Temporal. Em todos os 07 quesitos avaliados o escore da QOLIE-31 foi superior no grupo cirúrgico. Foi identificada significância estatística com p<0,05 no Escore Final e nos tópicos Qualidade de Vida em Geral, Bem-Estar Emocional e Energia. No quesito Tranquilidade em Relação a Crises foi obtido um valor de p limítrofe, com tendência a significância. Das 7 áreas avaliadas, a Tranquilidade em Relação a Crises foi o fator com menor pontuação em ambos os grupos. Quanto à revisão de prontuários, não houve diferenças significativas quanto a comorbidades e medicações de uso contínuo entre os grupos. O tipo de crise epilética de cada paciente não pôde ser avaliado, devido à ausência dessa informação nos prontuários, bem como desconhecimento do paciente sobre o seu tipo de crise. A frequência média de crises do grupo cirúrgico é menor que a do clínico, totalizando 61% dos pacientes cirúrgicos sem crises a mais de 01 ano, enquanto o grupo clínico mantém 41% dos pacientes com aproximadamente 1 crise por mês. – CONSIDERAÇÕES FINAIS: o paciente tratado cirurgicamente está associado a menor frequência de crises e maior pontuação na QOLIE-31. Dessa forma, são interessantes estudos que avaliem o paciente cirúrgico, relacionando complicações e modalidade cirúrgica com a QLV pós-operatória.