INTRODUÇÃO: O texto que se segue apresenta uma discussão em torno da biopolítica foucaultiana e suas figuras, expondo, a partir de sua analítica, as condições históricas de surgimento de alguns dispositivos que ensejaram o advento de uma nova racionalidade, cujo objeto privilegiado é a população. O tema da biopolítica é caro às pesquisas atuais por seu caráter de chave conceitual de compreensão de práticas de governo. Atualmente, o conceito é alvo das investigações de Roberto Esposito, Michael Hardt, O tema encontra sua importância em sua capacidade de demonstrar e fazer compreender que as práticas políticas contemporâneas são de fato um cálculo refletido e intencional. – OBJETIVOS: Objetivamos, pois, apresentar a biopolítica como “ferramenta conceitual” que permite compreender uma relação inclusiva-exclusiva presente na articulação entre vida e política; demonstrar que hipótese da existência de distintas “figuras” da biopolítica está diretamente associada ao seu caráter histórico e ao advento moderno da estatização do biológico; apontar desdobramentos da biopolítica na atualidade em especial a partir das prerrogativas do “fazer viver e deixar morrer” e como isso se manifesta na relação dos países ricos com os pobres. – MATERIAIS E MÉTODO: Para a presente pesquisa, foram feitos levantamentos bibliográficos de três obras originais do autor: História da Sexualidade I: A Vontade de saber (1976), Em defesa da sociedade (1976) e Segurança, território, população (1977-1978), os quais contaram com o auxílio das obras em idioma original para fazer comparações e esclarecimentos a respeito da tradução de alguns termos e expressões. Adotou-se um aprofundamento, e esquematização, nos textos de fonte primária, para tentar comprimir e compreender ao máximo as obras como um todo, visto que é preciso ter em mente o fio-condutor de cada questão. – RESULTADOS: Estas obras apontam que, a partir do desenvolvimento da ciência biológica, a vida será atravessa em seus múltiplos aspectos, em meio ao jogo de saber-poder. Tanto a biopolítica quanto a governamentalidade se apresentam como práticas preocupadas com a população. Porquanto, é na inserção da vida-espécie nos cálculos da razão governamental que a biopolítica irá desvelar uma série de práticas que põem em jogo a todo tempo a proteção de alguns grupos a custo da exposição arriscada de outros. – CONSIDERAÇÕES FINAIS: A biopolítica é um dispositivo de poder que produz divisões no continuum biológico, criando assim relações de desigualdades entre populações determinadas. Quem, então morre e quem vive? Morre a parte da população que está na linha de corte do racismo de Estado: a população negra, homossexual, pobre, transgênera, enquanto o seu oposto é quem vive: a população branca, heterossexual, burguesa, cisgênero; morre além disso o cidadão estrangeiro: o imigrante que foge da guerra em seu país, que vem para tentar “oportunidades melhores”.