INTRODUÇÃO: Este estudo tem como tema a trajetória de vida de jovens negros brasileiros e os efeitos da racialização na construção dessas identidades. Para tanto, nesse subprojeto foi feito um levantamento dos momentos significantes da trajetória dos entrevistados por meio da pergunta motivadora. – OBJETIVOS: Analisar os efeitos da racialização no processo de constituição de identidades de jovens negros brasileiros a partir de suas narrativas de histórias de vida. – MATERIAIS E MÉTODO: Trata-se de uma pesquisa narrativa de cariz qualitativo, que considera trabalhar com os significados atribuídos pelos sujeitos às suas experiências subjetivas e com as negociações de sentidos entre estes sujeitos e o mundo social. – RESULTADOS: As categorias de análise dos dados obtidos foram subdivididas em: vergonha, relações socioeconômicas e autoimagem. Em todas as entrevistas apareceram falas referentes a estas três categorias. A categoria vergonha aparece como dado principalmente no que se refere a infância; o racismo se constrói como um elemento significante das relações socioeconômicas, atravessador que marcou todas as entrevistas realizadas; e, em relação à autoimagem, fica evidente através dos relatos em todas as entrevistas que o olhar do Outro sobre si, em uma sociedade racializada, interfere diretamente no desenvolvimento de sua autoimagem, de forma interdependente e independente. – CONSIDERAÇÕES FINAIS: A racialização é uma realidade imposta no Brasil, a violência e subjugação são as maiores consequências identificadas. Os sintomas psicológicos identificados como efeito desse processo são variados, tornar-se negro em uma sociedade marcada pelo racismo mostrou-se para além de uma questão social de raça, mas de sobrevivência de um grupo e do próprio indivíduo que experiência sua racialidade. Pode-se observar momentos comuns na vivência e construção da identidade racial, bem como condições singulares da percepção de cada indivíduo e o contexto em que se inseriu. É evidente, como evidenciado nas entrevistas, que o olhar do Outro interfere diretamente no desenvolvimento da autoimagem.