INTRODUÇÃO: O presente relatório é resultado do trabalho desenvolvido enquanto bolsista da PUCPR para o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC). A obra Holocausto Brasileiro descreve a história do Colônia, um Centro Hospitalar Psiquiátrico na cidade de Barbacena (MG), que funcionou por mais de 90 anos e matou 60 mil pessoas com a conivência do Estado, médicos e sociedade. A partir de entrevistas com ex-funcionários e sobreviventes, são retratadas as atrocidades e violências cometidas naquele espaço. A autora une técnicas de apuração jornalística com fontes historiográficas para humanizar e eternizar esses personagens. Considerando a importância dessa obra de livro-reportagem, de forma a trazer atenção às pessoas que por muitos anos permaneceram na invisibilidade, essa análise vem em busca de um outro olhar, direcionado para as técnicas metodológicas de escrita e apuração. – OBJETIVOS: A ideia central é compreender quais são as proximidades e distâncias entre Jornalismo e História dentro do livro-reportagem. Busca-se analisar, de maneira clara e objetiva, o entrelaçamento entre o jornalismo literário e a História, apontando as principais características das duas áreas. O objetivo dos livros-reportagens é, além de informar, resgatar a história daqueles personagens de maneira mais intimista e com mais profundidade do que seria possível em reportagens tradicionais. Considerando a importância desta obra de livro-reportagem, para trazer atenção às pessoas que por muitos anos permaneceram invisíveis, esta análise busca outro olhar, direcionado às técnicas metodológicas de escrita e apuração. – MATERIAIS E MÉTODO: Para melhor conhecer sobre jornalismo literário e historiografia, foi fundamento em contribuições acadêmicas de Tom Wolfe (2005), Edvaldo Lima (2009), Felipe Pena (2006), José D’Assunção Barros (2005) e Tania Regina de Luca (2020) e a metodologia utilizada foi a análise do conteúdo de Laurence Bardin (2016). – RESULTADOS: Holocausto Brasileiro apresenta as características de um livro-reportagem de jornalismo literário: descrição de cena, diálogos, elementos simbólicos, narrativa do ponto de vista do personagem, voz autoral e linguagem em primeira pessoa. No entanto, essa não é uma obra historiográfica, uma vez que não passou por uma disciplina metódica de pesquisa, nem revisão por pares. Para a construção da narrativa, a autora se utiliza de fontes apreciadas tanto por jornalistas, como por historiadores, como: entrevistas, fontes oficiais, fotografias e observação. A maior diferença entre os dois profissionais é a maneira de se apresentar o fato pesquisado. – CONSIDERAÇÕES FINAIS: O jornalista possui mais liberdade de apresentar o acontecimento a partir de uma narrativa mais literária, direcionada ao grande público. Por isso, situações como a de narrador-personagem se torna comum, aproximações com as fontes é natural. As duas áreas do conhecimento são diferentes na maneira de apresentar o fato, mas ressalta-se que não existe uma hierarquia, ou superioridade de uma área sobre a outra, são perspectivas diferentes. A apuração das informações apresentadas tanto por jornalistas, quanto por historiadores, é rigorosa. O livro tem como objetivo último humanizar os personagens apresentados. O Jornalismo literário permite atenção na maneira de contar a narrativa, de forma a ser cuidadosa e respeitosa, humanizando os mortos e sobreviventes. A História possibilita o acesso às informações.